Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (GAECO), Yuri Fisberg, Flavia Flores e Frederico
Silveira concederam, ao lado do coronel da Polícia Militar Emerson Massera,
entrevista coletiva para pormenorizar a Operação Munditia,
deflagrada nesta terça-feira, 16. As diligências miraram em um esquema de
fraudes em licitações perpetradas por integrantes da facção criminosa conhecida junto a prefeituras e Câmaras Municipais.
Segundo o apurado, as empresas envolvidas simulavam
concorrência com outras pessoas jurídicas, que atuavam em parceria ou
integravam um mesmo grupo econômico, para obter contratos públicos voltados a
serviços de facilities, notadamente os de mão
de obra para limpeza e postos de fiscalização e controle. Só nos últimos cinco
anos, o grupo firmou contratos que chegam a R$ 200 milhões.
Segundo Massera, a operação teve início com o
monitoramento de áudios de integrantes da facção, levando à identificação de um
conluio liderado por pessoas ligadas à organização criminosa. "A partir
daí verificamos a participação de funcionários públicos e vereadores que
direcionavam licitações por meio do controle de empresas. Nossa parceria com o
MPSP tem trazido ótimos resultados na desarticulação do crime organizado",
disse.
Fisberg afirmou que a Munditia tinha 15 alvos de mandados
de prisão cautelar, sendo que 13 deles já foram cumpridos, inclusive contra
três vereadores de cidades do Alto Tietê e litoral. "Tivemos ainda 42
mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande
número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques,
cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares", disse, acrescentando que
as diligências prosseguem. Os mandados foram cumpridos em endereços situados em
cidades como Mogi, Guarulhos, Santos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Poá,
Buri, Jaguariúna e Itatiba, entre outras.
Segundo Silveira, a operação revelou que existe uma
sofisticação na atuação da organização criminosa, exigindo das autoridades uma
maior articulação no trabalho conjunto. "Nosso grande objetivo no momento
é a asfixia financeira para enfraquecer o crime".
Já de acordo com Flavia, o favorecimento do grupo
criminoso por parte dos envolvidos com a facção tem acontecido em três eixos:
fraudes a licitações, corrupção com envolvimento de agentes públicos e lavagem
de dinheiro. "As facções precisam dessa estrutura para ampliar sua atuação
e fortalecer suas atividades ilícitas", asseverou.
A Operação Munditia conta com o trabalho 27 promotores de Justiça, além de diversos servidores do MPSP e policiais militares. As investigações correm em segredo de Justiça.
Com informações e imagens do MPSP
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