E se a pandemia de Coronavírus e suas graves implicações, como o desemprego, a crise financeira e os prejuízos à saúde mental não estiverem perto do fim? Ou pior: e se outras pandemias surgirem? Estamos preparados para enfrentá-las?
Médico, físico, professor emérito de Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e professor titular de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), Eduardo Massad conta em entrevista à BBC Brasil, que o Coronavírus pode ser apenas um ensaio do que ele chama de Grande Pandemia, ou Big One.
Para ele, será desastroso se outros quadros pandêmicos se confirmarem em breve: “minha preocupação imediata é como faremos para relaxar as medidas de distanciamento social. [...] Será que conseguiremos voltar à vida normal? Já minhas preocupações de médio e longo prazos dizem respeito aos efeitos econômicos das medidas de distanciamento e dos impactos sobre a saúde mental das populações atingidas por elas”.
O perigo das vulnerabilidades social e profissional
Assim como temos visto no Brasil milhões de pessoas se amontoando no transporte público nas grandes cidades, falta de leitos em UTIs em diversos estados da federação, e escassez de vacina, condições precárias da vida humana expõem pessoas ao risco, especialmente as mais vulneráveis, e contribuem para a proliferação de doenças graves.
Massad explica como esses cenários podem ter um impacto negativo para a humanidade: “Da mesma forma que as condições precárias de higiene contribuíram - e ainda contribuem - para a proliferação da peste negra, poderiam contribuir, em várias regiões menos favorecidas do mundo, para a disseminação da Grande Epidemia”.
Mas, com milhares de empresas indo à falência por conta do Coronavírus (eram mais de 700 mil nos quatro primeiros meses da pandemia), e milhões de trabalhadores desempregados, devemos repensar modelos de negócios, profissões e trabalhos que sejam mais seguros, e que protejam a saúde e a vida do trabalhador, mas que sejam sustentáveis economicamente.
Injustiças e desigualdades sociais, desfavorecimento, desnutrição e fome, falta de saneamento básico e outras questões urgentes devem ser sanadas a fim de evitar que milhões de pessoas morram ao redor do mundo caso novas epidemias venham a surgir.
Para novos contextos, novas demandas
Todo novo cenário pode trazer algum desconforto, mas tentar prever futuros problemas e tentar preveni-los, é uma qualidade que todo empreendedor precisa ter.
Para contextos diferentes que podemos viver, incluindo o de vivenciar outras pandemias, novas demandas emergirão da sociedade, e precisamos estar prontos para solucioná-las, ou chegar o mais perto possível disso.
Nosso esforço deve se voltar à projetar cenários em que seja possível criar novos empregos e profissões, restabelecer o trabalho dessas milhões de pessoas que foram desligadas, e ainda prover vagas para outros milhões de profissionais que surgem todos os anos.
Ibraim Gustavo é jornalista, escritor e educador, Pós-graduado em MKT e MBA em Comunicação e Mídia
Publicado às 15h51
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