Genuinamente brasileira, a cachaça foi descoberta de
forma acidental logo nas primeiras décadas da história de formação do país. No
começo, a bebida enfrentou um certo preconceito das elites e até proibição de
sua fabricação, mas resistiu ao agradar paladares dos mais exigentes
apreciadores, entre eles, D. Pedro II era um grande admirador e virou como se
diz nos dias de hoje "embaixador" do produto. Daí foi se consolidando pelo
mundo afora como o destilado de cana-de-açúcar do Brasil.
Patrimônio histórico, cultural e imaterial do país, é um
produto nacional tão identitário, que é comum ao receber estrangeiros, levá-los
para degustar uma boa cachaça, seja branca, envelhecida, ou em forma de
caipirinha (drink com cachaça, limão ou lima, gelo e açúcar), ou mesmo visitar
um alambique e conhecer de perto os detalhes do processo de fabricação.
Considerada e registrada como a bebida típica brasileira, a cachaça segue
conquistando cada vez mais apreciadores e o mercado mundial.
O Circuito das Águas Paulista é reconhecidamente procurado pela produção de
Cachaças de Alambique, que difere da industrial por ser uma produção de escala
reduzida, normalmente de tradição familiar. Desde o processo do plantio da
cana-de-açúcar até a fermentação e o armazenamento em diferentes tipos de
barris, a tradição passa de geração em geração.
Muitos turistas buscam essa aura de interior, tanto para descansar ou fazer
atividades de aventura, e também visitar os famosos alambiques do Circuito das
Águas Paulista, composto por nove cidades: Águas de Lindóia, Amparo, Holambra,
Jaguariúna, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro. Cada
cidade tem suas características peculiares, o que deixa o roteiro ainda mais
atrativo e diverso. Interligado pelo clima de montanha, rodeado pela Serra
Mantiqueira e pelas águas de boa qualidade que batizam à região de Circuito das
Águas. De fácil acesso, a região é cercada por excelentes estradas e servida
por três dos principais aeroportos do país, o de Viracopos, em Campinas, a
partir de 40 km de distância, e os de Guarulhos e Congonhas, em
São Paulo, em média 140 km.
De acordo com a Associação de Produtores de Cachaça de Alambique do
Circuito das Águas Paulista – APCCAP, o circuito reúne mais de 350
alambiques e produtores de destilados. Entre os eventos mais aguardados do ano,
está o Festival da Cachaça do Circuito das Águas Paulista, que já tem agenda
definida para 2023, com objetivo de valorizar o produto regional, unindo as
cidades da região. O evento, que é itinerante, será de 09 a 11 de junho, em
Serra Negra, e em agosto terá uma edição em Amparo. "O festival é uma forma
também de movimentar o comércio local e reconhecer a tradição e a qualidade das
cachaças de alambique produzidas no Circuito das Águas Paulista, mantidas por
diversas famílias e gerações", reforçou o presidente da APCCAP, Jorge Luís
Benedetti. Ele faz parte da Fazenda Benedetti, que sozinha já recebe mais de
200 mil turistas por ano para conhecer apreciar as cachaças produzidas pela
família.
Sendo o método de produção predominante do Circuito das Águas Paulista, a
Cachaça de Alambique é uma característica da região, que segue ainda tradições
do corte da cana-de-açúcar sem a queima da palha, o uso de fermentação natural
e a destilação em alambiques de cobre, de onde é extraído somente o "coração" (parte nobre do destilado, com graduação alcoólica ideal e
com qualidade). Além disso, o solo, o clima, a água, ou seja, o terroir da região, traz para a
bebida muitas histórias e sabores, vindos também dos diversos tipos de madeira
utilizados para o descanso e envelhecimento da bebida, que dão sabor, aroma e
cor ao destilado.
A notoriedade do produto ganhou tanta fama, que o Sebrae vem auxiliando os
produtores com consultorias e apoio na participação de feiras e eventos,
treinamentos, reconhecimento do produto local e até na formação da
Associação de Produtores de Cachaça de Alambique do Circuito das
Águas Paulista.
A recém criada Agência de Desenvolvimento do Circuito das
Águas Paulista, que reúne as principais lideranças dos nove municípios,
trabalha junto com o Sebrae na articulação e no apoio direto ao processo de
obtenção da indicação geográfica (IG) da Cachaça de Alambique do Circuito
das Águas Paulista. O processo para obter a IG, conduzido e patrocinado pelo
Sebrae, também recebe apoio do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento), Instituto Federal de São Paulo e participação de diversas
entidades locais, Sindicato Rural, CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica
Integrada) e do CICAP (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo
Turístico do Circuito das Águas Paulista).
Como exemplo de outras regiões que com a IG alcançaram reconhecimento de
produtos locais genuínos, temos a IG do Queijo Canastra e da famosa Banana do Vale
do Ribeira, que alavancaram suas regiões através do valor do produto para o
território e setores associados. Um dos maiores exemplos de IG internacional é
a região da Provence, na França, que tem na lavanda sua matéria prima,
incrementando diversos setores econômicos associados.
Conheça algumas das cachaças premiadas do
Circuito das Águas Paulista
A cachaça de alambique do Circuito das Águas Paulista
coleciona prêmios nacionais e internacionais, entre eles, levou os maiores
destaques nos últimos anos na Expocachaça, maior vitrine mundial da Cachaça,
que virou uma das mais expressivas premiações, e ocorre anualmente, há 28 anos
em Belo Horizonte – MG. Além de se destacar com medalhas de ouro e prata no
Concours Mondial Spirits Selections, em Bruxelas.
Entre as premiadas estão a Cachaça da Torre envelhecida
(Sítio Torre Annunziata), que levou medalha de prata em 2012, em Bruxelas, a
cachaça Flor da Montanha (Fazenda Benedetti) que conquistou Ouro no concurso em
Bruxelas, em 2014, na categoria cachaça branca, e em 2018 levou selo de prata,
na Expocachaça, assim como a Antonio Benedetti Extra Premium, 9 anos
envelhecida em barril de carvalho, levou medalha de Ouro na Expocachaça. Outra
premiada é a Alma da Serra (BullHof Microdestilaria), que também ganhou o Concurso
Mundial de destilados de Bruxelas, em 2014, na categoria cachaça envelhecida,
em 2015 foi campeã do ranking da revista VIP e em 2016, medalha de prata na
Expocachaça.
O Circuito das Águas Paulista também detém duas das três melhores cachaças do Estado
de São Paulo, escolhidas nos últimos anos no Concurso Paulista de Cachaça de
Alambique: a cachaçada Adega do Italiano, de Monte Alegre do Sul, que foi
premiada na categoria cachaça não envelhecida (segunda colocada no concurso) e
a cachaça Galo Branco, de Socorro (terceiro lugar na categoria não
envelhecida).
Além de destaque em concursos nacionais de cachaça
ligados às universidades USP e Unesp, e reconhecimento no Brazilian Meeting
on ChemistryofFood and Beverage, um evento científico de abrangência internacional
para difundir os avanços em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Bebidas.
Enfim, a região reúne um roteiro de cachaças de responsa,
que recebem visitantes em passeios, degustações e interessados em levar para
casa o produto. É o caso da Cachaça Chora Menina, da Cachaça Campanari e da
Cachaça Rouxinolli, que ficam em Monte Alegre do Sul, onde há mais de 40
alambiques artesanais. Para receber os visitantes do Circuito das Águas, a
cidade criou até a "Trilha da Cachaça", que passa pelos principais
alambiques. Já em Socorro, além da premiada Galo Branco, também se encontra o
alambique da Pioneira, e mais de 30 alambiques espalhados pela cidade.
Estas são algumas das tantas referências da bebida que se
destaca em todo o Circuito das Águas Paulista.
Roteiro de Alambiques para conhecer no Circuito
das Águas Paulista
Amparo:
Fazenda Benedetti
Cachaça Fina Flor
Cachaças da Torre
Holambra:
Rancho da Cachaça
Jaguariúna:
Sítio Jequitibá
Lindóia:
Engenho Cavalo de Tróia
Monte Alegre do Sul:
Adega do Italiano/ Pousada da Fazenda
Adega O Rancho
Brisa da Serra Destilaria
Cachaça Campanari
Cachaça Barriga Dura
Pedreira:
Sítio Repouso das Águias
Serra Negra:
Sítio Bom Retiro (Família Carra)
Cachaça do J
BullHof Microdestilaria
Socorro:
Alambique Pioneira
Cachaça Galo Branco
Cachaça Alpi
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